Primeiro Trimestre confirma força do emprego e da renda

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Primeiro Trimestre confirma força do emprego e da renda

Cenário é um dos motivos que justificam a expectativa de um crescimento do PIB mais forte no primeiro trimestre, dando mais força para o consumo das famílias. Ao mesmo tempo, tende a manter sob pressão os preços de serviços mais sensíveis à demanda, um fator de cautela para a política monetária.

O mercado de trabalho teve um primeiro trimestre muito aquecido, com forte geração de empregos e aumento da renda bastante acima da inflação. A taxa de desemprego, de 7,9%, foi a menor para o período de janeiro a março desde 2014. Além disso, houve um número expressivo de demissões a pedido, mais um sinal da força do mercado, indicando que os trabalhadores se sentem confiantes para se demitir voluntariamente em busca de outras ocupações.

Esse cenário positivo de emprego e renda é um dos motivos que justificam a expectativa de um crescimento do PIB mais forte no primeiro trimestre, dando mais força para o consumo das famílias. Ao mesmo tempo, tende a manter sob pressão os preços de serviços mais sensíveis à demanda, um fator de cautela para a política monetária.

Divulgadas nesta terça-feira, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua e Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) reforçaram “o cenário de robustez e resiliência do mercado de trabalho brasileiro”, como resume o economista Bruno Imaizumi, da LCA Consultores.

Em março, as contratações com carteira assinada superaram as demissões em 244,3 mil vagas, superando com folga o consenso dos analistas ouvidos pelo Valor Data, de 188 mil. No primeiro trimestre, o número ficou em 730,8 mil, 40,5% acima do mesmo período do ano passado, de acordo com o Caged, do Ministério do Trabalho. Nas contas da LCA, houve a a criação líquida de 263,6 mil empregos formais em março na série com ajuste sazonal, bem mais que os 169,1 mil de fevereiro deste ano e um nível semelhante ao registrado em março de 2023.

“Com exceção da agropecuária, num movimento sazonal, todos os setores registraram criação líquida de postos em março”, diz análise da LCA. “O acumulado do primeiro trimestre de 2024 só é menor em relação ao acumulado do primeiro trimestre do ano passado para a agropecuária, que deve registrar safra menor neste ano”, observam os economistas da consultoria, apontando ainda que, no setor de serviços, as contratações superaram as demissões em 148,7 mil vagas, o equivalente a 60% das vagas geradas no mês.

A LCA também nota que, pelo terceiro mês consecutivo, “o número de desligamentos a pedido do trabalhador registrou recorde”. Em março de 2024, foram registradas 722.540 demissões voluntárias, alcançando 7,6 milhões no acumulado em 12 meses. “O indicador mostra o grau de aquecimento do mercado de trabalho, pois possivelmente boa parte dessas pessoas se desligou a fim de se admitir em outros lugares, sob condições mais vantajosas – seja em termos de remuneração, de adequação ao campo de atuação ou mesmo de regime de trabalho”, diz o relatório da consultoria, vendo aí “um sinal de que as pessoas estão encontrando maior oferta de vagas”.

O resultado da PNAD Contínua também confirma a força do mercado de trabalho. Nos cálculos da MCM Consultores Associados, a taxa de desemprego com ajuste sazonal recuou de 7,6% em fevereiro para 7,3% em março, na média de três meses. É a menor taxa desde a observada no trimestre encerrado em janeiro de 2015, e menos da metade da máxima histórica atingida no fim de 2020, de 15%, destaca a consultoria.

A LCA enfatiza também o aumento do emprego. “Por tipo de ocupação, o principal destaque desta divulgação foi o crescimento do setor privado sem carteira assinada”, com alta de 2,3% na variação mensal na série livre de influências sazonais. Já na comparação com o mesmo período de 2023, “as vagas no setor privado com carteira assinada continuam a mostrar um movimento que reflete a continuidade da normalização do mercado de trabalho, em que muitas pessoas migram de posições informais para formais após o período de crise”, afirmam os economistas da consultoria.

O rendimento médio no primeiro trimestre, por sua vez, ficou em R$ 3.123, 4% acima do registrado no mesmo período do ano anterior, descontada a inflação. Na série com ajuste sazonal, porém, houve queda de 0,2% em relação a fevereiro, a primeira em nove meses, segundo o J.P. Morgan. De qualquer modo, a renda tem evoluído favoravelmente. No primeiro trimestre, a massa de rendimentos de todos os trabalhos, que combina o número de ocupados com a renda, subiu 6,6% acima da inflação em relação aos três primeiros meses de 2023.

O mercado de trabalho forte é um dos fatores que levaram os analistas a aumentar as projeções para o crescimento no primeiro trimestre e em 2024. Uma parte considerável dos economistas espera hoje uma expansão na casa de 2% neste ano, - no fim de 2023, muitos previam uma expansão de 1,5%. O outro lado da moeda é que isso contribui para um BC mais cauteloso, num ambiente marcado por um cenário externo mais adverso, com expectativa de juros altos por mais tempo nos EUA, e incertezas em relação às contas públicas por aqui.

FONTE: Valor Econômico - https://valor.globo.com/brasil/noticia/2024/05/01/analise-primeiro-trimestre-confirma-forca-do-emprego-e-da-renda.ghtml

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