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Primeiro Trimestre confirma força do emprego e da renda
Primeiro Trimestre confirma força do emprego e da renda
2 de maio de 2024
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Primeiro Trimestre confirma força do emprego e da renda
Cenário é um dos motivos que justificam a expectativa de um crescimento do PIB mais forte no primeiro trimestre, dando mais força para o consumo das famílias. Ao mesmo tempo, tende a manter sob pressão os preços de serviços mais sensíveis à demanda, um fator de cautela para a política monetária.
O mercado de trabalho teve um primeiro trimestre muito aquecido, com forte geração de empregos e aumento da renda bastante acima da inflação. A taxa de desemprego, de 7,9%, foi a menor para o período de janeiro a março desde 2014. Além disso, houve um número expressivo de demissões a pedido, mais um sinal da força do mercado, indicando que os trabalhadores se sentem confiantes para se demitir voluntariamente em busca de outras ocupações.
Esse cenário positivo de emprego e renda é um dos motivos que justificam a expectativa de um crescimento do PIB mais forte no primeiro trimestre, dando mais força para o consumo das famílias. Ao mesmo tempo, tende a manter sob pressão os preços de serviços mais sensíveis à demanda, um fator de cautela para a política monetária.
Divulgadas nesta terça-feira, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua e Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) reforçaram o cenário de robustez e resiliência do mercado de trabalho brasileiro, como resume o economista Bruno Imaizumi, da LCA Consultores.
Em março, as contratações com carteira assinada superaram as demissões em 244,3 mil vagas, superando com folga o consenso dos analistas ouvidos pelo Valor Data, de 188 mil. No primeiro trimestre, o número ficou em 730,8 mil, 40,5% acima do mesmo período do ano passado, de acordo com o Caged, do Ministério do Trabalho. Nas contas da LCA, houve a a criação líquida de 263,6 mil empregos formais em março na série com ajuste sazonal, bem mais que os 169,1 mil de fevereiro deste ano e um nível semelhante ao registrado em março de 2023.
Com exceção da agropecuária, num movimento sazonal, todos os setores registraram criação líquida de postos em março, diz análise da LCA. O acumulado do primeiro trimestre de 2024 só é menor em relação ao acumulado do primeiro trimestre do ano passado para a agropecuária, que deve registrar safra menor neste ano, observam os economistas da consultoria, apontando ainda que, no setor de serviços, as contratações superaram as demissões em 148,7 mil vagas, o equivalente a 60% das vagas geradas no mês.
A LCA também nota que, pelo terceiro mês consecutivo, o número de desligamentos a pedido do trabalhador registrou recorde. Em março de 2024, foram registradas 722.540 demissões voluntárias, alcançando 7,6 milhões no acumulado em 12 meses. O indicador mostra o grau de aquecimento do mercado de trabalho, pois possivelmente boa parte dessas pessoas se desligou a fim de se admitir em outros lugares, sob condições mais vantajosas seja em termos de remuneração, de adequação ao campo de atuação ou mesmo de regime de trabalho, diz o relatório da consultoria, vendo aí um sinal de que as pessoas estão encontrando maior oferta de vagas.
O resultado da PNAD Contínua também confirma a força do mercado de trabalho. Nos cálculos da MCM Consultores Associados, a taxa de desemprego com ajuste sazonal recuou de 7,6% em fevereiro para 7,3% em março, na média de três meses. É a menor taxa desde a observada no trimestre encerrado em janeiro de 2015, e menos da metade da máxima histórica atingida no fim de 2020, de 15%, destaca a consultoria.
A LCA enfatiza também o aumento do emprego. Por tipo de ocupação, o principal destaque desta divulgação foi o crescimento do setor privado sem carteira assinada, com alta de 2,3% na variação mensal na série livre de influências sazonais. Já na comparação com o mesmo período de 2023, as vagas no setor privado com carteira assinada continuam a mostrar um movimento que reflete a continuidade da normalização do mercado de trabalho, em que muitas pessoas migram de posições informais para formais após o período de crise, afirmam os economistas da consultoria.
O rendimento médio no primeiro trimestre, por sua vez, ficou em R$ 3.123, 4% acima do registrado no mesmo período do ano anterior, descontada a inflação. Na série com ajuste sazonal, porém, houve queda de 0,2% em relação a fevereiro, a primeira em nove meses, segundo o J.P. Morgan. De qualquer modo, a renda tem evoluído favoravelmente. No primeiro trimestre, a massa de rendimentos de todos os trabalhos, que combina o número de ocupados com a renda, subiu 6,6% acima da inflação em relação aos três primeiros meses de 2023.
O mercado de trabalho forte é um dos fatores que levaram os analistas a aumentar as projeções para o crescimento no primeiro trimestre e em 2024. Uma parte considerável dos economistas espera hoje uma expansão na casa de 2% neste ano, - no fim de 2023, muitos previam uma expansão de 1,5%. O outro lado da moeda é que isso contribui para um BC mais cauteloso, num ambiente marcado por um cenário externo mais adverso, com expectativa de juros altos por mais tempo nos EUA, e incertezas em relação às contas públicas por aqui.
FONTE: Valor Econômico - https://valor.globo.com/brasil/noticia/2024/05/01/analise-primeiro-trimestre-confirma-forca-do-emprego-e-da-renda.ghtml