Para economistas, emprego gera expectativa de PIB maior, mas mantém alerta sobre inflação.

O mercado de trabalho surpreendeu ao registrar abertura líquida de 201.705 vagas com carteira assinada em junho, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego nesta terça-feira, 30. O resultado ficou acima do que os economistas esperavam. A mediana do Valor Data previa 160 mil vagas. Por um lado, o número foi celebrado porque é condizente com projeções de crescimento do PIB acima de 2% este ano. Por outro, reforça preocupações de que a resiliência do mercado de trabalho atrapalhe o processo desinflacionário da economia brasileira.

Os cinco setores da economia tiveram abertura líquida de postos formais de trabalho em junho. Entre contratações e desligamentos, serviços gerou 87.708 novas vagas, enquanto agropecuária, produção florestal, pesca e aquicultura abriu 27.129. Já a indústria geral criou 32.023 novos postos de trabalho e construção, 21.449. Comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas também criaram 33.412.

Para Mirella Hirakawa, economista e coordenadora de pesquisa da Buysidebrazil, o mercado de trabalho segue forte, o que é bom, mas está deixando pouco alívio para a continuidade da desinflação.

"Mantemos nossa projeção de 1,9 milhão de vagas formais em 2024”

— Bruno Imaizumi

Ao observar a criação líquida de mais de 200 mil vagas com carteira assinada em junho, ela ressalta que o cenário reforça a tese da “última milha”, que defende que a inflação já não está sendo pressionada pelos efeitos da pandemia ou da guerra Rússia-Ucrânia, mas sim pelo mercado de trabalho mais forte do que se imaginava.

Hirakawa cita os efeitos sobre a renda como elemento que deve deixar o Banco Central atento e o próprio ministro do Trabalho, Luiz Marinho, ressaltou que o mercado de trabalho aquecido abre possibilidade de aumentar salários.

Embora o cenário seja positivo em termos de crescimento do PIB, preocupa economistas em relação à possibilidade do Banco Central não ver espaço pra voltar a cortar juros.

Fonte: Valor Econômico

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